Nossa Senhora das Dores ficar de pé no Vulcão dos Capelinhos Horta
Durante a erupção do vulcão dos Capelinhos, na noite de 12 para 13 de Maio de 1958, noite em que foram registados mais de 400 sismos, toda a freguesia da Praia do Norte foi destruída, incluindo a igreja paroquial mas imagem de Nossa Senhora das Dores ficou de pé. Durante essa noite a população foi forçada a retirar-se da freguesia, devido à total destruição das suas habitações, e deslocaram-se para a parte norte da mesma, reunindo-se no sítio do Chafariz de Cima na casa onde estava o Divino Espírito Santo. Lá a população aguardou e observou o desmoronamento de parte de suas moradias, refugiando-se posteriormente nas freguesias vizinhas a norte, nomeadamente nos Cedros, Salão e Ribeirinha.
Entretanto a igreja também foi derrubada pelos sismos, teto, paredes e altar, ficando apenas e de pé a imagem de Nossa Senhora das Dores, tendo com a trepidação dos sismos rodado ligeiramente para o Norte da freguesia, coincidentemente local para onde a população se juntou para fugir à calamidade, e onde mais tarde foi acolhida pelas freguesias referidas. A devoção á Senhora das Dores foi reforçado significativamente em virtude desta situação. Apesar de parecer lendária, esta história é real, visto existirem fotos que comprovam este facto, no entanto existem pessoas que afirmam que a imagem foi colocada propositadamente de pé e quando a encontraram estava caída.
Lenda da Cruz da Igreja da Ermida de Nossa Senhora de Penha de França, Fajã
Durante a construção da Ermida de Nossa Senhora da Penha de França, mais concretamente no final da construção da capela, em 1987, a população desejava por uma cruz em pedra no topo da igreja, mas nenhum dos trabalhadores sabia como fazê-la. Tinham a pedra ao lado da igreja, mas faltava o “artista” para arquitectar a cruz na pedra. Então apareceu um jovem a pedir trabalho. Uns dizem que vinha num cavalo branco, enquanto outros não especificam a chegada do mesmo. O que é certo é que lhe disseram que só lhe dariam trabalho se ele fizesse a cruz em pedra que faltava. O jovem aceitou. No dia seguinte quando os trabalhadores chegaram ao local de trabalho, encontraram a cruz já terminada, e o jovem tinha desaparecido. Foi com assombro que esta história foi transmitida a toda a população, e a partir de então celebram com grande fé a festa de Nossa Senhora de Penha de França.
Lenda de Nossa Senhora da Penha de França
O culto a Nossa Senhora da Penha de França inicia-se com a descoberta da sua imagem no areal da Fajã. Segundo os habitantes mais antigos da freguesia a imagem foi encontrada acidentalmente pela população local, e desde então celebram o culto a Nossa Senhora de Penha de França. Segundo os relatos conhecidos, o nome e a imagem têm origem Gaulesa. Na época o Rei de França estava em conflito com a Igreja católica, consentindo e coadjuvando com saques e profanações de igrejas locais. A população francesa, com a ajuda da Rainha, com o objectivo de proteger e salvaguardar as imagens, lançou-as ao mar na esperança de que quem as encontra-se pudesse prestar o culto devido ás mesmas.
A veneração ficou estabelecida na fajã visto que, quando a população tentou transporta-la para a freguesia começando a subir o caminho, o andor ia se tornando pesado, e a imagem começou a transpirar, até que os homens não o conseguiam carregá-lo, e invertendo rumo de volta para a Fajã, o andor tornava-se mais leve novamente, e a imagem deixava de transpirar. Perante esta situação a população compreendeu que seria imperioso estabelecer o culto á divindade na fajã, onde se celebraria a festa de Nossa Senhora da Penha de França.
Lenda do Vulcão do Cabeço do Fogo
Esta lenda fala da origem do Vulcão do Cabeço do Fogo. A população da freguesia era devota da fé cristã e do Santíssimo Sacramento, embora não tivesse uma boa relação com o pároco e não concordava com as suas ideias nem práticas. Existia um senhor muito rico e influente que tinha um filho que fora para o seminário, e queria que o seu filho voltasse para a freguesia e fosse Cura da mesma. Todavia, o bispo assim não o permitiu. Contrariado o senhor ficou irritado com a situação e reuniu os seus empregados e a população da freguesia para arquitetar um plano contra o padre de forma a expulsa-lo da freguesia. Decidiram lançar fogo á igreja quando o Padre tivesse a celebrar missa, para que ele, o sacristão e a igreja ardessem.
Prepararam tudo, puseram madeiras e outras lenhas inflamáveis em redor da igreja, para que á hora da missa tudo se consumasse. No entanto o sacristão soube do plano, avisou o padre e fugiram secretamente da freguesia para o lado sul, em direção á Ribeira do Cabo, levando consigo o Santíssimo Sacramento.
A população pensando que o padre estava no interior da Igreja da Freguesia lançou fogo à Igreja e observava a chamas a consumir a igreja. Quando o padre e o sacristão chegaram ofegantes ao Alto da Ribeira do Cabo, sentaram-se a descansar e o sacristão olhou para trás, para espreitar o que se passava. Lá do alto via as chamas a devorarem a igreja e ouviu-se um estrondo muito forte. Continuaram o seu caminho e quando ultrapassaram o Alto da Ribeira do Cabo, e após o estrondo abriu-se uma fenda no região do Goulart, onde passava a família do senhor com os seus servos, os quais foram engolidos pela mesma fenda, nunca mais se ouvindo falar dos mesmos. Nesse mesmo momento o Vulcão do Cabeço Fogo rebentou e destruiu a freguesia da Praia do Norte. Para a população este foi um sinal da ira dos Céus, visto que eles tinham tentado queimar o padre vivo e a igreja. A população dispersou-se e a freguesia foi extinta durante 200 anos.
Lenda do Boi prometido ao Espírito Santo
Na altura do Vulcão do Cabeço do Fogo, aconteceu uma situação semelhante à anterior com um bezerro que estava prometido às Celebrações do Divino Espírito Santo, mais concretamente para as sopas. Os rios de lava que escorreram do Cabeço do Fogo, anteriormente chamado de cabeço da Silva ou Rilha Boi, destruíram a freguesia. No entanto, a “cordada” do bezerro prometido ao Divino Espírito Santo ficou intacta com o bezerro saudável e sem mazelas, tendo o rio de lava rodeado a cordada, formando uma ilha. As festas foram celebradas nesse mesmo ano com o bezerro prometido a ser morto e oferecido à comunidade.
Lenda da cozinheira
Por alturas do vulcão do Cabeço do Fogo, em 1672, a população da Freguesia da Praia do Norte era muito pobre e passava muitas necessidades. No entanto, a freguesia estava situada num local de produção abundante de cereais, nomeadamente campos de trigo. Existia uma senhora que para ajudar a população cozia muito pão e oferecia-os aos mais pobres, ajudando a matar a fome e colmatar as necessidades mais proeminentes da população mais pobre.
Quando o vulcão entrou em erupção destruiu a freguesia e as suas habitações, e a população teve que fugir pelo mar, com ajuda de embarcações no sítio do Canto do Capelo, visto que por terra não conseguiam ultrapassar os rios de lava que os cercavam. Contudo, o forno e a pá de madeira da benfeitora da comunidade não ficaram destruídos. O rio de lava fez uma espécie de ilha com o forno, rodeando-o de fogo incandescente do magna, sem no entanto o destruir. A pá de madeira “boiou” em cima da mesma lava, sem que fosse consumida pelas chamas.